Vale mais engraxar sapatos do que engraxar almas. A pior diferença é que os sapatos engraxam-se na rua, faça chuva ou faça sol e as almas engraxam-se nos gabinetes onde a meteorologia é indiferente graças aos ares condicionados.
Outra diferença significativa é a remuneração atribuída a cada uma destas funções, o que já é um mau costume. Mas pronto, também o Inverno é um mau costume, mas repete-se invariavelmente todos os anos.
Assim pensa José Maria da Assunção Borralho que, embora esse seja o nome que lhe deram, o que tem mesmo é simplesmente Zé Boga.
Num espectáculo que se pretende da partilha de vivências com o pública fala de como, no seu bairro, umas eleições (presidenciais ou autárquicas) se tornam numa peregrinação onde um garrafão de vinho e um petisco não podem faltar; ou de como num jogo de futebol entre dois bairros o resultado é consequência do melhor jeito para a estalada que os adeptos tiverem.
A forma como o Zé da Galega não foi cabrão ainda antes de se casar ou como o Escovas enganou americanos na praça de touros do Campo Pequeno são o tipo de histórias que fazem dar alegria aos pobres, e que o Zé Boga gosta de partilhar. Desde que haja alegria "onde passam fome três, também passam fome quatro".
António Carvalho
Ficha Técnica
Texto Frederico Bastos
Criação e Interpretação António Carvalho
Assistência de Encenação Luís Silva
Cenografia Carlos Apolo
Música Paulo Ribeiro
Desenho de Luz/Grafismo Carlos Apolo
Uma Produção Lendias d'Encantar, 2003
Sem comentários:
Enviar um comentário